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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Os dez mandamentos do Policial


Toda atividade profissional possui suas características, que expandem ou limitam os aspectos da vida daquele que se propõe a adotar determinada profissão. Neste sentido, a atividade policial é um dos ofícios que mais exige cuidado e adaptação da vida afetiva, familiar e cotidiana de seus adeptos. Por isso, resolvemos fazer um pequeno guia para aqueles que não são policiais entenderem essas limitações, e para os policiais que nos lêem reforçarem ideias que geralmente lhes são passadas desde o curso de formação.
Os Dez Mandamentos do Policial são ensinamentos para cuidar da integridade do policial e daqueles que se relacionam com ele fora ou durante o desempenho de sua atividade profissional:
FREQUENTARÁS LUGARES SEGUROS!
Policiais que frequentam locais vulneráveis à incidência de crimes estão se dispondo a correr riscos que podem ter fins trágicos. É claro que as coisas podem ocorrer em qualquer local, porém, sabemos bem que os bares, lanchonetes e outros estabelecimentos propícios à presença de pessoas envolvidas com o crime. Não é agradável sentar em uma mesa de bar ao lado de um suspeito preso em uma ocorrência por você próprio em outra ocasião. Por isso, independentemente do custo dos lugares que frequenta, procure sempre estabelecimentos onde a honestidade parece ser a característica de seu público.
SELECIONARÁ TUAS AMIZADES!
Todos nós possuímos amigos, mas não necessariamente somos responsáveis pelas suas trajetórias. Assim, é perfeitamente possível que um amigo de infância enverede pelo ambiente do crime, e que passe a ter um estilo de vida incondizente com o que um policial pode admitir para sua própria segurança. Não se trata de “elitismo”, de ter amizades diferenciadas só por ter se tornado policial. Mas, no mínimo, é preciso estabelecer limites para alguns tipos de amigos – principalmente aqueles de ocasião.
TERÁS CAUTELAS EM TEUS AMORES!
Relacionamentos amorosos podem gerar sérios problemas para policiais, a depender de quem seja a pessoa com quem está se relacionando. Considerando o fato de que a atração amorosa não é controlada racionalmente, ou que este controle tem certos limites, é bem possível que um policial se envolva com pessoas que, por sua personalidade ou ambiente familiar e de amizades (e até por seus relacionamentos amorosos anteriores) sejam problemáticas para a convivência. Há casos em que esposas de policiais matam seus maridos por ter conseguido acesso a sua arma de fogo após uma discussão. Policiais que se relacionam com traficantes de drogas etc.
CONTROLARÁS TUAS FINANÇAS!
Um professor financeiramente descontrolado terá que dar aulas a mais para tentar voltar à estabilidade. Um policial, com arma de fogo à disposição e investido de sua condição profissional, com todas suas prerrogativas, terá tentações muito mais perversas para complementar sua renda. Certamente, esta não é a única fonte de corrupção de um policial, mas é imprescindível procurar gastar pouco para precisar de pouco, pois as soluções que aparecerão para seus problemas financeiros podem lhe gerar problemas judiciais e vitais. Mesmo com o geralmente parco salário, é preciso se manter na honestidade.
ESTARÁ SEMPRE ATENTO!
Nem sempre é possível estar observando tudo que está a sua volta. Existem momentos de relaxamento natural do corpo e do raciocínio. Mas o policial não pode se descuidar excessivamente, ou corre o risco de sofrer represálias em decorrência do seu exercício profissional. Se possui o hábito de portar arma de fogo, esta máxima é ainda mais pertinente. Entrou em um ônibus coletivo? Sentou em uma mesa de bar? Está sacando dinheiro no banco? Esteja sempre atento.
NÃO SERÁS UM XERIFE DE RUA!
O policial geralmente se torna uma referência para a segurança da comunidade em que reside. Assalto nas proximidades? Pede ao policial para resolver. Arrombamento em uma casa? Chama o policial para entrar e ver se há alguém suspeito no interior da residência. Esta “utilidade”, porém, acaba levando o policial a se considerar um xerife de rua, uma espécie de ordenador abusivo de qualquer problema que surja em sua comunidade: algo que levará seus próprios vizinhos a se incomodarem com a postura. As “milícias” são uma extensão desse papel irregular de ditador exercido por um policial.
RECONHECERÁS O LIMITE DE TEU PODER!
É comum ver policiais que se envolvem em ocorrências policiais fora de serviço como se de serviço estivessem – como se estivesse na companhia de uma guarnição, com rádio comunicador para requisitar apoio, fardado etc. Outros, fardados e de serviço, excedem suas competências e os limites legais, e abusam do poder que lhes é atribuído. Para ser policial é preciso exercer permanentemente a humildade e a discrição. A arrogância e a petulância podem ser fatais.
VIVERÁS PARA ALÉM DA POLÍCIA!
Pouca profissões são tão estressantes quanto a atividade profissional. Por isso, se dedicar ao trabalho policial sem ter atividades secundárias de relaxamento e diversão é um tiro no pé, que certamente trará problemas para a saúde. Participe de atividades sociais não policiais, leia livros, assista filmes, jogue futebol, viaje, enfim, pratique atividades que lhe façam se despir da condição formal e tensa que a polícia nos impõe.
TREINARÁS SEMPRE, MESMO QUE SÓ!
É verdade que as polícias não treinam adequadamente seus policiais. Por isso, precisamos nos pronunciar sempre sobre estas carências, pressionar para que a zona de conforto dos responsáveis por dotar os policiais de treinamento não se estenda. Enquanto esta deficiência está ocorrendo, porém, é preciso não descuidar do preparo técnico, mesmo que isso gere custos particulares. Erra consigo mesmo quem não treina por “birra” com a polícia. Não é o governador que enfrentará situações de risco nas ruas. Estar apto para o serviço policial é diminuir os riscos de morte durante a atividade.
BUSCARÁ CONTROLE EMOCIONAL!
Uma coisa é querer fazer o mal. Outra é estar em um ambiente onde alguns elementos lhe levam a cometer um mal. Não são raras as ocasiões em que policiais tidos como pacíficos e moderados acabam se deixando levar pelas circunstâncias da ocorrência, se envolvendo com os fatos, e chegam a abusar do uso da força. O controle das emoções é um dos grandes desafios da atividade policial, e deve ser exercitado cotidianamente, sob pena do policial se tornar uma “bomba” a explodir suas emoções sempre que se depara com ocorrências provocativas.
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Com todas essas limitações e cuidados que o policial precisa ter, fica claro porque se justifica qualquer reivindicação de valorização e reconhecimento dos profissionais de segurança pública.
Autor: Danillo Ferreira - (Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ALCOOLISTA e DESCUBRA SE VOCÊ É ALCOÓLATRA



GEBALDO JOSÉ DE SOUSA


Alcoolista há muitos anos.

Quando ébrio — e era esse seu estado natural —, não possuía consciência do tempo, dos fatos, da vida. Não chegou a essa situação de uma hora para outra. Começou bebendo socialmente com os “amigos”, que nessa fase ainda existem. Pouco a pouco, foi aumentando a sede, as doses e a periodicidade dos tragos foi encurtando. Os “amigos” foram sumindo, a pouco e pouco.

Deixava uma garrafa aqui, outra ali, sempre à mão, meio escondidas, pela consciência, pela certeza do erro que cometia. Sofria a família: a mulher, os filhos, os pais, os irmãos e os verdadeiros amigos.

Mas ele não percebia isso. E negava, quando lhe diziam que estava bebendo demais. Ele, um alcoólatra? De jeito nenhum! Sabia beber. Bebia socialmente. Hoje bem sabe que “Alcoolismo é também doença da negação”. O alcoolista não admite que é dependente do vício que, por isso, o domina e maltrata, submetendo-o às consequências que dele advem, para si e para seus dependentes. Mas, ao contrário do que dizia, excedia-se e ficava agressivo, verbal e fisicamente, ironizando os demais, agredindo-os, humilhando-os, menosprezando-os.

Assim agindo, afastava a todos. Foi ficando cada vez mais só. Nova desculpa para beber mais e mais.

Perdera muitos empregos e agora era impossível obter outro. Sua postura e seu hálito desaconselhavam qualquer contratação, não obstante ser profissional competente, quando sóbrio. 

Um acidente de trabalho levara-lhe dois dedos da mão direita, ao operar simples máquina. A saúde já não era a mesma. Tremiam-lhe as mãos, estava pálido, abatido e precocemente envelhecido. Não possuía mais carro. Estava livre de provocar acidentes por suas mãos. Mas várias vezes fora acidentado, ao atravessar ruas. Lesões, fraturas e internações, eram, amiúde, o resultado. 

O primeiro casamento fora destruído. As privações que impunha à família, os maus tratos, a má conduta, a desonra, as humilhações e o embrutecimento próprio tornaram-lhes insuportável sua companhia. 

Ainda bem que os filhos não lhe seguiram os maus exemplos, reconhece hoje!
Internado várias vezes em clínicas, inutilmente. Tornara-se peso para a família e para a sociedade. A segunda esposa desistira de recuperá-lo. Nem ligava para sua vida; ao que fizesse ou deixasse de fazer. Quando tinha problemas mais sérios com ele, chamava seu filho mais velho, que vivia em outra parte. Uma noite, acorda caído no chão, dentro de casa, e o filho estava lá — amava e ama esse filho, que o olhava com um misto de amor, angústia e impotência. Não esquecerá jamais aquele olhar, que lhe pesou na alma, tocando-o no íntimo do ser.

Para sair daquela posição incômoda, no chão, inventou que havia escorregado. Com vergonha, mentira. Vergonha imensa. Queria sumir. Em realidade, levantou-se e foi beber mais. Mas conseguiu, um dia, parar.

E foi aquele incidente — aquele olhar de compaixão e dor, do filho, ao vê-lo caído no chão — que despertou nele a necessidade de mudar; que o levou a admitir que era um alcoólico, dependente do vício,
enfermo, gravemente enfermo, carente de auxílio. Levado por um amigo, compareceu, alcoolizado, sem escutar e sem entender muita coisa, à sua primeira reunião nos Alcoólicos Anônimos. Mas fez planos de sair dali e ir beber mais, imediatamente. Deixaria de beber no dia seguinte.

Outro incidente, ocorrido naquela primeira reunião, foi fundamental para sua recuperação. Um baixinho feio, pobre, desdentado, desafiou-o, até de forma antifraterna — o que é incomum no A.A., onde todos são tratados com absoluto respeito e muito amor —, afirmando-lhe:

 — Você é ou não é homem para ficar sem beber 24 horas?

Para mostrar-lhe, àquele pilantra, de que era capaz, por vaidade, afinal, desde então não mais bebeu. Isto há vários anos. Recuperou-se com a ajuda de Alcoólicos Anônimos. Agradece a Deus, ao filho e àquele “baixinho” que o libertaram do vício. Hoje, tem o amor dos filhos; o respeito deles e por eles.
 Amor e respeito que são fatores fundamentais, sublimes, para recuperar quem se acha caído.

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Publicado no Reformador de agosto/02, p. 16
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  Por Cristina A. Marques

O que destingue quem bebe socialmente, de quem está se tornando alcoólatra e de quem já é alcoólatra?

Segundo o doutor Winfred Overholser, superintendente do St. Elizabeth’s Hospital, em Washington, “…as linhas que separam os que bebem socialmente daqueles que estão se tornando alcoólatras e os que já são alcoólatras é difícel de ser definido pois o mecanismo biológico do alcoolismo ainda é incerto. O que sabemos com segurança é que está interrelacionado com questões pessoais de predisposição genética, saúde emocional e ambiente social. No entanto, em termos genericos, podemos afirmar, com pouca margem de erro, que:

a) O bebedor social - bebe ocasionalmente; não procura motivos para beber; para de beber quando sente que já atingiu seu limite; às vezes vai a alguma evento social e não bebe nada – mesmo com muitos bebendo em sua volta; etc.

b) O provável futuro alcoólatra – bebe com frequência (seja diária ou mesmo só em finais de semanas); procura motivos para beber; têm dificuldade de parar depois do primeiro gole; acredita que pode parar de beber quando desejar; se irrita quando dizem que estar bebendo muito; ocasionalmente diz para si mesmo que vai parar de beber, mas volta a beber na primeira ocasião; troca de bebida (!?); costuma dizer que não é bom misturar bebidas (!?); procura beber depois das 12:00 Horas, mas ocasionalmente bebe antes do almoço; começa a faltar ou chegar atrasado no trabalho por causa de ressacas; iniciar a ter apagões (se lembrando ou não do que ocorreu antes; ocasionalmente esconde bebidas; etc.

c) O alcoólatra – bebe com frequência (independente de horas, locais ou motivações); não luta mais contra o vício; acha que alcoolismo não é doença; bebe tudo que contém álcool; apaga com frequência, nada lembrando ou lembrando-se pouco do que ocorreu antes; etc.



Como saber se você é alcoólatra?


O questionário guia utilizado pelo Alcoólicas Anônimos (organização internacional com mais de 2 milhões de membros – alcoólicas em recuperação – em mais 157 países), quando aplicado por especialistas da saúde ou mesmo se respondido com sinceridade quando auto-aplicado, nos mostra em que ponto do caminho do alcoolismo nos encontramos.

Apesar da simplicidade os 12 pontos abordados neste questionário possui margem de acerto superior a 97,8%. Vale a pena conferir:

1. Já tentou parar de beber por uma semana (ou mais), sem conseguir atingir seu objetivo?

Muitos de nós “largamos a bebida” muitas vezes antes de procurar ajuda. Fizemos sérias promessas aos nossos familiares e empregadores. Fizemos juramentos solenes. Nada funcionou. Agora não lutamos mais. Não prometemos nada a ninguém, nem a nós mesmos. Simplesmente esforçamo-nos para não tomar o primeiro gole hoje. Mantemo-nos sóbrios um dia de cada vez.

2. Ressente-se com os conselhos dos outros que tentam fazê-lo parar de beber?

Muitas pessoas tentam ajudar bebedores – problema. Porém, a maioria dos alcoólicos ressente-se com os “bons conselhos” que lhes dão. (não impomos esse tipo de conselho a ninguém. Mas, se solicitados, contaríamos nossa experiência e daríamos algumas sugestões práticas sobre como viver sem o álcool).

3. Já tentou controlar sua tendência de beber demais, trocando uma bebida alcoólica por outra?

Sempre procurávamos uma fórmula “salvadora” de beber. Passamos das bebidas destiladas para o vinho e a cerveja. Ou confiamos na água para “diluir” a bebida. Ou, então, tomamos nossos goles sem misturá-los. Tentamos ainda beber somente em determinadas horas. Porém, seja qual for a fórmula adotada, invariavelmente acabamos embriagados.

4. Tomou algum trago pela manhã nos últimos doze meses?

Estamos convencidos (por experiência própria) de que a resposta a esta pergunta fornece uma chave quase infalível sobre se uma pessoa está ou não a caminho do alcoolismo, ou já se encontra no limite da “normalidade” no beber.

5. Inveja as pessoas que podem beber sem criar problemas?

É óbvio que milhões de pessoas podem beber (às vezes muito) em seus contatos sociais sem causar danos sérios a si mesmos, ou a outros. Você parou alguma vez para perguntar-se por que, no seu caso, o álcool é, tão frequentemente, um convite ao desastre?

6. Seu problema de bebida vem se tornando cada vez mais sério nos últimos doze meses?

Todos os fatos médicos conhecidos indicam que o alcoolismo é uma doença progressiva. Uma vez que a pessoa perde o controle da bebida, o problema torna-se pior, nunca desaparece. O alcoólico só tem, ao fim, três alternativas: beber até morrer, ser internado num manicômio ou afastar-se do álcool em todas as suas formas. A escolha é simples.

7. A bebida já criou problemas no seu lar?

Muitos de nós dizíamos que bebíamos por causa das situações desagradáveis no lar. Raramente nos ocorria que problemas deste tipo são agravados, em vez de resolvidos, pelo nosso descontrole no beber.

8. Nas reuniões sociais onde as bebidas são limitadas, você tenta conseguir doses extras?

Quando tínhamos de participar de reuniões deste tipo, ou nos “fortificávamos” antes de chegar, ou conseguíamos geralmente ir além da parte que nos cabia. E, frequentemente, continuávamos a beber depois.

9. Apesar de prova em contrário, você continua afirmando que bebe e para quando quer?

Iludir a si mesmo parece ser próprio do bebedor problema. A maioria de nós que hoje nos encontramos., tentou parar de beber repetidas vezes sem ajuda de fora. Mas não conseguimos.

10. Faltou ao serviço, durante os últimos doze meses, por causa da bebida?

Quando bebíamos e perdíamos dias de trabalho na fábrica ou no escritório, frequentemente procurávamos justificar nossa “doença”. Apelamos para vários males para desculpar nossas ausências. Na verdade, enganávamos somente a nós mesmos.

11. Já experimentou alguma vez ‘apagamento’ durante uma bebedeira?

Os chamados “apagamentos” (em que continuamos funcionando sem contudo poder lembrar mais tarde do que aconteceu) parecem ser um denominador comum nos casos de muitos de nós que hoje admitimos ser alcoólicos. Agora sabemos muito bem quais os problemas que tivemos nesse estado “apagado” e irresponsável.

12. Já pensou alguma vez que poderia aproveitar muito mais a vida, se não bebesse?

Não podemos resolver todos os seus problemas. Porém, no que se refere ao alcoolismo, podemos mostrar-lhe como viver sem os “apagamentos”, as ressacas, o remorso ou o desconsolo que acompanham as bebedeiras desenfreadas. Uma vez alcoólico sempre alcoólico. Portanto, evitamos o “primeiro gole”. Quando se faz isto, a vida se torna mais simples, mais promissora e muitíssimo mais feliz.

Resultado

Se respondeu SIM a quatro ou mais questões, sinto dizer-lhe, mas ou você já é um alcoólatra ou brevemente o será! Esta categórica afirmação não é mera teoria, mas resultado de milhares de estudos, observações e experiências realizadas com alcoólicos recuperados.